23 de abril de 2013

Quem Não Lê, Não Escreve

Por: Márcia Luz
 Nós brasileiros, não possuímos o hábito da leitura. Não vou entrar aqui no mérito da questão de porque não se lê, incluindo altos índices de analfabetismo, mas a questão é que entre os alfabetizados o prazer de ler parece não ser um traço presente em nossa cultura.
Nas formações gerenciais que ministro, meus alunos são orientados a ler um livro por mês e produzir um pequeno texto e é sempre a mesma choradeira de que não possuem tempo. Na verdade, o que está por trás disso é a falta do hábito da leitura, que é associada à obrigação e desprazer.
Quando os questiono acerca de quantos livros lêem por ano, contam-me que o último livro que leram foi há mais de 10 anos, na Faculdade, porque não foi possível se livrar da tarefa.
Leitura é hábito que precisa ser instalado na infância, mas se as famílias falharam nesse papel, cabe à escola suprir a lacuna que ficou na formação do aluno. Quem lê mais, escreve melhor, concatena idéias, adquire fluência verbal e argúcia mental, ampliando seus horizontes e a visão de mundo.
Agradeço a Deus porque tive pais espetaculares, que embora possuíssem baixa escolaridade, compreendiam que precisavam construir um mundo para mim onde o saber seria muito bem vindo. Meu pai me colocava no colo para ler historinhas infantis, gibis da Mônica e Cebolinha, o que me fez crescer achando a leitura uma saborosa aventura. Lembro de minha mãe, quando eu possuía cinco anos, brincando de escolinha comigo. Ela sentava bonecas em cadeiras ao meu lado, com cadernos e canetas, para ensinar-me a ler e escrever. Assim, aprendi a associar leitura a prazer. Nas minhas férias leio romances, livros de ficção, pouco importa. Sei que não terão utilidade profissional, mas naquele momento só quero distração. E quando estou precisando relaxar, recorro aos meus velhos gibis do Maurício de Souza, agora na versão “mangá”, contando as aventuras da Mônica Jovem (e eu que pensei que ela jamais beijaria na boca!).
E como aprendemos pelo exemplo, meus filhos seguiram o mesmo caminho. O mais velho de 19 anos, cursando Administração, lê porque precisa, porque gosta ou por puro prazer. A do meio, com 10 anos, em datas como aniversário dispensa brinquedos como opções de presentes, e sua escolha são os livros. A caçula, com 6 anos está começando a ler agora e já é apaixonada pelo mundo das letras! Acredito que estou oferecendo a eles o legado mais precioso que posso deixar: o prazer pela leitura.
Recentemente, tive a oportunidade de colaborar com um lindo projeto da Unisul (Universidade do Sul de Santa Catarina) denominado “Quem não lê, não escreve”, onde os alunos são estimulados a ler um livro por semestre, escolhido em consenso por eles, cujo tema sempre trata de assuntos que serão úteis para suas vidas, e não mais um livro daquela lista interminável que terão que dar conta durante a faculdade por pura obrigação, fiquei fascinada! Percebi o embrião que estava sendo implantado nas mentes e corações dos alunos, mostrando a eles o quanto um livro pode abrir caminhos, oferecer novas possibilidades e auxiliar na construção do pensamento.
O que o projeto faz, de maneira criativa e envolvente, é dar conta de cumprir o verdadeiro papel das instituições de ensino, que é ensinar a pensar e oferecer o gosto pela leitura como ferramenta para que o aluno se prepare para o mercado de trabalho. Mais importante do que repassar conhecimentos é ensinar a refletir criticamente sobre as inúmeras verdades e instalar o espírito curioso, mostrando onde o conhecimento já construído está disponível. O restante, o aluno fará por conta própria, inclusive observando o mundo que o cerca e transformando-o a partir da formulação de novos conhecimentos.
E você, o que tem feito para disseminar o hábito de leitura em sua casa e ambiente de trabalho? Acredito que o melhor caminho é influenciar pelo exemplo. Então, corra! Escolha um bom livro e comece hoje!

Fonte: RHevista RH



Nenhum comentário:

Postar um comentário