Tudo começou com
a redução da tarifa de ônibus em São Paulo. E ganhou as mais diversas bandeiras
e ruas de centenas de cidades pelo Brasil a partir da repressão policial e da
visibilidade da Copa das Confederações.
As revoltas de
junho, que ainda ecoam pelas cidades, ganham uma tentativa de explicação à
esquerda. Cidades Rebeldes - Passe Livre e as Manifestações que Tomaram as
Ruas do Brasil é um lançamento da Boitempo Editorial que tenta entender os
movimentos populares que exigiram acesso a direitos e cidadania em um grito
raro nas últimas duas décadas no Brasil.
Em 15 ensaios
curtos, Cidades Rebeldes questiona o papel de parte da mídia entre
criminalizar e apoiar o movimento à medida em que este crescia; analisa as
Tropas de Choque ao vivo dando à classe média um pouco do que praticam
invisivelmente nas favelas; e o esforço conservador em jogar a plateia contra
todos os partidos.
Jornalistas e
professores como Venício Lima, Leonardo Sakamoto e Carlos Vainer jogam luz
sobre os atos de um certo Brasil que acordou. Ou "acordou foi uma parte. A
outra nunca dormiu - afinal, nem tinha cama para tanto" (p.99). Também
está lá um artigo do Movimento Passe Livre de São Paulo para dizer como tudo
começou e reforçando a "retomada do espaço urbano".
Os autores
brasileiros têm a companhia de pensadores como Slavoj Zizek e Mike Davis, que
inserem os protestos nos contextos da Primavera Árabe e do Ocupy Wall Street.
Mais do que
tentar capturar algum legado dos protestos antes da hora, o livro se esforça em
tentar entender o que ainda acontece nas ruas. Para isso, usa um distanciamento
nem sempre possível na cobertura jornalística diária.
Fonte: R7
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